sábado, 7 de março de 2009

Diogo Melo - Tratamento Oncologico

O tratamento do câncer é complexo, geralmente envolvendo o trabalho de diversos especialistas especificamente treinados e experientes, para atender o paciente de forma integral, desde o diagnóstico até a reabilitação física, psicológica e social.

Tratamentos como a quimioterapia e a radioterapia, podem viabilizar toxicidade não somente em células tumorais como em células não comprometidas pelo tumor. Assim sendo, a cavidade bucal é um dos alvos altamente suscetível a esses efeitos, observando-se uma série de complicações que devem ser minimizadas. Em muitos casos, a alta toxicidade oral pode até comprometer o protocolo ideal da terapia oncológica, precipitando interrupção do tratamento e diminuição das expectativas de cura.

As complicações orais são descritas como mucosites, infecções bacterianas, virais e fúngicas, com a propensão ao aparecimento de abscessos periapicais e periodontais; disgeusia, disfagia, dor, xerostomia, cáries rampantes, trismo, necrose dos tecidos moles, perda óssea periodontal, osteorradionecrose, entre outras.

Frente a essas alterações bucais agudas ou crônicas, reversíveis ou irreversíveis, a Odontologia se encontra cada vez mais atuante. A prevenção e minimização da dor e desconforto bucal, eliminação dos focos infecciosos e reabilitação bucal podem e devem ser área de atuação do cirurgião-dentista. A participação da Periodontia nesse contexto deve ser implantada às equipes multidisciplinares, já que a base dos cuidados exigidos para menores seqüelas do tratamento está direcionada ao exímio controle da higiene bucal, com rígidos esquemas de manutenção periodontal

O tratamento oncológico causa enorme impacto sobre a qualidade de vida dos pacientes. A Odontologia representa nesse contexto uma das especialidades da saúde que pode e deve atuar na melhoria da qualidade de vida desses pacientes. Participa do tratamento multidisciplinar, realizando diagnóstico precoce de lesões malignas em cavidade bucal, prevenção e minimização de complicações orais, e ainda, reabilitação de pacientes com perdas teciduais devido a tumores em região de cabeça e pescoço.

Após o diagnóstico, o plano de tratamento oncológico é traçado pela equipe médica, sendo a cirurgia e a radioterapia consideradas tratamentos loco-regionais, e a quimioterapia um tratamento de ação sistêmica. Essas terapêuticas podem ser associadas ou não de forma curativa, ou serem apenas indicadas de forma paliativa (Salvajoli et al., 1999).

Pacientes submetidos a ressecções de Cabeça e Pescoço, freqüentemente, apresentam problemas mecânicos e alterações fisiológicas que dificultam a ingestão adequada de nutrientes e restabelecimento pós-cirúrgico. Alterações estéticas, dificuldades na mastigação, deglutição e fonação ocasionadas após procedimentos cirúrgicos, associados ou não a outras terapias, podem levar a um alto nível de sintomatologia depressiva (de Leeuw et al., 2001). A reabilitação oncológica multidisciplinar assume um grande desafio frente à morbidade cirúrgica.

Complicações relacionadas a infecções provenientes da boca podem ser observadas, piorando ainda mais o restabelecimento dos pacientes, em situação de cirurgia oncológica geral ou cirurgia em região de cabeça e pescoço especificamente. Infecções periodontais crônicas podem ser foco de disseminação de patógenos para o sistema cardíaco, pulmonar e gástrico, levando a complicações infecciosas. Atos operatórios realizados em região de cabeça e pescoço devem ser conhecidos, evitando traumatismos e infecções de origem dentária em áreas receptoras de enxertos e retalhos, utilizados para reconstrução de estruturas perdidas (Dib e Curi, 1999).